sexta-feira, 11 de março de 2011

Sete ao Entardecer

O espetáculo Retina foi selecionado para integrar o projeto Sete ao Entardecer 2011.
Estamos felizes pela aceitação do nosso projeto.
Dia 28/11/11 estaremos na Fábrica Cultural.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

RETINA

Retina

No ano de 2010, decidi comemorar/brindar meus 25 anos de composição.
Essa foi uma decisão para a qual eu precisei de muita coragem, já que nunca me considerei uma cantora, mas sim, uma compositora que canta o que cria.
Foi pensando assim que se passaram esses anos todos, onde passei também compondo, e olhando de cá hoje, vejo um repertório que ultrapassa 400 obras.
Nunca gravei  nenhuma delas.
E sei que também terei muito trabalho para gravar todas, e tendo a acreditar que não gravarei nem metade.
Mas teve um dia em que senti um desejo grande de compartilhar as músicas  que criei com o coração, com os outros corações.
Não sei fazer nada que não seja parido por ele.
Pensei então em gravar sim, gravar um CD. Isso seria uma espécie de festa de bodas de prata de composição.
E assim a festa começou a tomar forma ...
E o primeiro presente que eu ganhei foi encontrar com o Zé Ricardo. Raro arranjador, instrumentista sensível, produtor , profissional, pé no chão, ético e competente, e que tratou de tratar do meu trabalho com um respeito que nem sei quantificar, mas sei qualificar com a frase:
_Muito obrigada Zé!
Sentamos e começamos a conversar no final de outubro de 2010, e já em novembro começamos a trabalhar no Projeto Retina.
Foram acontecendo as primeiras gravações onde eu amarelei muito. E, onde o Zé foi tratando disso com muito cuidado.
Como disse antes, sou uma compositora, e como tal, toco um violão “defensivo” e canto como forma de me comunicar/expressar, e sendo assim, logo tratei de escapar da missão de tocar violão no CD. Isso o Zé faria e de forma especial. Sobrou pra mim então cantar o que eu inventei.
Já tava melhor , e já amarelava menos só de pensar que tava livre do instrumento, meu companheiro sim, mas sei o limite dele(meu), e ao que ele me serve.
Talvez seja uma forma de respeito tentar oferecer o de melhor, e já que o melhor estava bem ali na minha frente não foi difícil não sentir culpa por mais essa escapadela.
Passei muito tempo tentando decidir quais músicas gravar.
Consegui fazer uma seleção de 16 músicas.
E são elas que hoje formam esse projeto.
Quando pensei que o projeto seria uma festa, logo tive a certeza que nele não poderiam faltar os convidados.
Pensei na minha chegada em Pelotas, e como é bom lembrar que um dia eu cheguei aqui. Cheguei em 1993. Cheguei da minha cidade, Porto Alegre, e cheguei buscando o meu grande sonho, estudar música.
Agora eu quero voltar lá na minha cidade, voltar lá nos meus 14 anos, época da vida em que se tem muitos sonhos, e um dos meus era ser “Escritora”, vontade essa que me fez pedir ao meu pai uma máquina de escrever.
E para minha realização, ele me deu sim a máquina. Escrevi minha primeira letra de música nela. Mas... Eu ainda não sabia nada de música. Vivia de pedir o violão de alguém emprestado, e quando ninguém podia me emprestar eu me arranjava com um desenho de violão que fiz num papel, som não havia mesmo, mas naquela época fazia muito pouca diferença ter som, já que eu não sabia afinar o violão, nem tão pouco conseguia saber a diferença de uma nota para outra, era completamente surda para a música. E finalmente aos 15 anos eu ganhei esse presente. Daí pronto! Nunca mais consegui viver sem que fosse respirando música. Meus amigos que viram o meu começo lá em 1981, tentando fazer uns acordes, colocavam um chapéu nos meus pés e jogavam moedinhas, eles foram o meu grande incentivo, teimei com eles que eu iria conseguir. Meu querido amigo Carlos, nunca vou esquecer de ti!
Havia também a mãe de um colega meu de escola, que vivia a me observar. Um dia ela me deu uma poesia de presente, ela falava de mim na poesia e falava do meu violão, Cleuza minha querida primeira parceira musical, foi com ela que compus minhas primeiras canções. Uma poetiza anonima e maravilhosa.
Devo lembrar que recebi sempre um incentivo incansável dos ouvidos da minha família.
Minha mãe chegou a iniciar o estudo do violão, acabou parando por falta de tempo, mas sei que ela se apaixonou pela música tanto quanto eu.
Por dois anos eu estudei sozinha, de curiosa mesmo.
Aos 17 anos, encontrei a professora Ilka Wolff, que mulher encantadora. Lecionava no Liceu Palestrina em PoA, multi instrumenstista, e foi com ela que eu aprendi que o mais difícil é fazer o SIMPLES. E com isso ela me ensinou o de melhor. Completei com ela meu curso de música.
Passei a dar aulas de violão, e o dinheiro que ganhava com esse meu trabalho eu pagava para estudar Engenharia Agrícola (ai ai), durou 4 semestres esse martírio. Logo decidi trocar para Educação Artística-Hab. em Música -UFPel. Mas voltando a minha chegada em Pelotas, logo que consegui me instalar aqui, busquei por um professor de violão, e encontrei com Celso Krause, meu mestre das cordas. Nunca aprendi muito no instrumento mas ele sempre me ensinou muito de música, podem confiar nisso.
A festa então começava a ter os primeiros convidados, Celso Krause não poderia ficar de fora . Ele sempre esteve comigo desde 1993.
Luiz, esse sempre companheiro, me apresentou a música em muitos momentos, e me convenceu que eu era uma compositora quando passava as noites escutando:
-Não chora Poeta!
Zé Ricardo, Renato Popó, Badalinho, Marinho, Julinho do Cavaco.
Esses nomes fizeram a festa em todas as faixas do Cd.
Mas uma faixa recebeu muitos convidades. Nela eu resolvi/quis , desejei demais, ter muitos amigos e amigas presentes.
Esse foi o meu grande presente.
Patrimônio Popular é o nome da faixa que convidou a muitos e já começa a recebê-los nas gravações.
E a primeira convidada a entrar no estúdio para participar do Patrimônio me deu um presente tão bonito. Nos conhecemos no Bar do Ari, que ficava na Barroso e era do nosso querido amigo Ari Gurvitzz(oh sobrenome difícil esse), ela cantarolava das mesas enquanto eu cantava. Eu sempre achei a voz dela uma maravilha, ela é de uma malandragem para dividir a música, um ritmo maravilhoso de sentir. E ela nunca gravou, não é uma profissional da música, nunca se apresentou como tal, não vive de música, mas vive com música. Nadna Nadija, minha querida, quando cheguei do estudio depois da tua gravação, saiba que tinha comigo uma emoção que não tem palavra que traduza. Gracias por esse presente, gracias! Não tem preço...
Nos próximos dias irei receber muitos presentes como esse.
Amanhã o Rodrigo Garcia vai me dar aquela bela viola.
Na quinta-feira será a vez de Guilherme Ceron, Xana Gallo, Ana Mascarenhas, Luciane Casaretto, Cláudia Braunstein, Marco Primo, Gabriel Faro, Daniela Brizolara, Denise Vargas, Possidônio Tavares...Tem também: Alex Cruz, Lys Márcia, Mateus da Gaita...
E as crianças: Kaleo, Tamara e Ana Clara que estão preparando algo para a festa.
Tem dias que eu amarelo um tantão, mas como diz o Zé Ricardo:
_ Agora não tem pra onde correr!
Tá feito!
Faremos o lançamento no Ruella! Foi preciso adiar a data prevista para 08/04, mas logo divulgaremos nova data. A festa tá ficando linda, mas ainda não conseguimos terminar as gravações...
Não escolhi um  teatro para o lançamento, optei por um bar, um pouco maior que o Bar do Ari, mas onde sempre cabe mais um/uma amigo/a.
Espero de coração que vocês compartilhem comigo dessa festa.

Janete Flores (Pelotas, 23/02/2011)